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    Entre o fim do s�c. XVIII e in�cio do s�c. XIX surgiu o movimento rom�ntico. Apareceu como uma tend�ncia liter�ria oposta ao esp�rito cl�ssico. O termo romantismo vem do s�c. XVII e tem liga��o estreita com os 'romances' medievais, que eram narrativas, em verso ou prosa, de aventuras e amor. Apesar da preocupa��o em fugir aos modelos cl�ssicos, os poetas rom�nticos jamais se afastaram da poesia l�rica, agora com a exalta��o exacerbada de paix�es e emo��es. Goethe desfraldou a bandeira na Alemanha, mas a ess�ncia do movimento foi definida na Fran�a por Chateaubriand, com O G�nio do cristianismo (1802) e por Mme de St�el, com Da Alemanha (1810). Mas uma face mais positiva dessa escola foi a que se voltou para a literatura poular; da� a necessidade que o poeta rom�ntico sentiu em fazer uma poesia que fosse acess�vel, com motivos populares, e, ao mesmo tempo, de n�vel liter�rio. Inaugurou, assim, uma nova concep��o de forma, mais livre em sua estrutura��o t�cnica, o que permitiu a cria��o de novas medidas para o verso. O teatro, sujeito ainda � poesia, acabou tamb�m diversificando em sua forma. Victor Hugo, que exerceria grande influ�ncia no Romantismo brasileiro, estabeleceu, no pref�cio de sua pe�a Cromwell, as diretrizes da nova escola, acabando com a poesia dram�tica em versos. Uma sele��o de seus poemas, Hugonianas, foi traduzida no Brasil por M�cio Teixeira; Lamartine e Musset tamb�m tiveram grande voga.
    O Romantismo n�o foi uniforme no tempo, apesar de suas caracter�sticas afins em todos os quadrantes. Gera��o ap�s gera��o, do s�c. XVIII ao s�c. XX, tem adotado semelhante posi��o; alguns poetas inserem recursos cl�ssicos em seus poemas rom�nticos, como o caso de Byron, na Inglaterra, ou de Gon�alves Dias, no Brasil, onde o Romantismo estaria presente em sucessivas gera��es de poetas. Os cr�ticos d�o Gon�alves de Magalh�es como o primeiro poeta rom�ntico brasileiro, n�o obstante sua ascend�ncia cl�ssica. Ara�jo Porto Alegre seria o seu companheiro nesse primeiro grupo rom�ntico, ainda bastante incipiente em suas formula��es, muitas vezes em choque com a ideologia do movimento. Um pouco recuado no tempo, encontra-se uma esp�cie de pr�-romantismo brasileiro, na segunda metade do s�c. XVIII, com Cl�udio Manuel da Costa, Tom�s Ant�nio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e outros. Por uma ado��o mais total aos c�nones da nova escola, destacam-se �lvares de Azevedo, que produz uma poesia na linha byroniana, e Junqueira Freire. Movimento de muitos matizes, foi ainda no Brasil que deu dois poetas completamente estranhos entre si apesar de contempor�neos: Castro Alves e Joaquim de Souza Andrade. O primeiro exacerbando todas as constantes da escola, desde a veem�ncia amorosa ao discurso social, se utiliza de metros de Hugo e Musset. O segundo, praticamente desconhecido, faz poesia adiantada para o seu tempo, prenunciando o Simbolismo e o Surrealismo. Seus versos n�o descrevem apenas estados de alma ou crises pol�ticas, com vagas sugest�es rom�nticas; trabalha a palavra como objeto, troca as imagens lineares pelo jogo metaf�rico. Salientou um cr�tico que o movimento rom�ntico no Brasil poderia ser situado com as ep�grafes que estes poetas usaram em seus poemas, desde Victor Hugo, Byron, Musset, Poe, a Virg�lio, Milton e at� Shakespeare.
    Na segunda metade do s�c. XIX surgiram na Fran�a as escolas liter�rias parnasiana e simbolista. A primeira procurava restabelecer o rigor da forma, que o movimento rom�ntico deixara em segundo plano, corrente essa que continuaria a ser a matriz desses dois novos recursos po�ticos. Assim � que o soneto, abandonado no per�odo anterior, reaparece. E assim, mais uma vez, revivificava-se sobretudo ao exemplo de Petrarca, mantendo a subdivis�o sim�trica da id�ia nos dois quartetos e nos dois tercetos. A rima e a m�trica continuavam a ser foco de interesse. Por outro lado, os simbolistas irromperam com um esp�rito rom�ntico ainda mais acentuado. Abandonaram o rigor formal apenas aparentemente, pois continuaram a ser rimadores e metrificadores. A id�ia central � que n�o atendia mais � subdivis�o exata, chegando os versos de um quarteto ou de um terceto a romper sintaticamente cada estrofe. Permaneciam esses dois movimentos, por�m, com o mesmo pathos da exacerba��o emotiva. No Brasil, mais uma vez, surgiram por influ�ncia francesa, pois j� n�o eram lidos Verlaine, Baudelaire, Val�ry, Mallarm�, Rimbaud e outros. A trindade brasileira - Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Corr�a - que se considerava helenista, comp�s in�meros sonetos. Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens representaram os simbolistas no Brasil. A procura de uma linguagem indireta, cheia de imagens e s�mbolos, que criasse a atmosfera de mist�rio preconizada por Mallarm�, levou-se gradativamente ao hermetismo ou � simples musicalidade de versos, como a apreens�o imediata das obras. Mallarm� sentiu o perigo desta poesia, cada vez mais obscura, e reagiu no sentido da quebra das imagens e das estruturas discursivas.

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